CPJ analisa a situação dos jornalistas no Brasil
Quatro jornalistas foram assassinados no Brasil em
2012, superando a cifra registrada no ano anterior e convertendo o país no
quarto mais letal do mundo para a imprensa durante o período, revelou a
pesquisa do CPJ. Seis dos sete jornalistas mortos nos últimos dois anos haviam
noticiado a respeito de corrupção oficial ou crime e todos, com exceção de um,
trabalhavam em áreas interioranas. O sistema judiciário brasileiro não
conseguiu acompanhar o ritmo.
"A falta de investigações sérias desses
crimes deu aos agressores a noção de que não serão identificados e punidos",
disse Mauri Konig, veterano repórter investigativo veterano homenageado pelo
CPJ em 2012 com o Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa. O Brasil ficou
em 11º lugar no Índice de Impunidade 2012 do CPJ, que calcula os assassinatos
não resolvidos de jornalistas como uma porcentagem da população de cada país.
A censura judicial permaneceu um problema no Brasil,
onde empresários, políticos e funcionários públicos entraram com centenas de
ações judiciais alegando que jornalistas críticos ofenderam sua honra ou
invadiram sua privacidade, mostrou a pesquisa do CPJ. Os querelantes
tipicamente procuram ordens judiciais para impedir que jornalistas publiquem
qualquer outra informação sobre eles e para retirar do ar materiais disponíveis
online. No primeiro semestre de 2012, de acordo com o Google, os tribunais
brasileiros e outras autoridades enviaram à empresa 191 ordens judiciais para a
remoção de conteúdo.
"Tais ações judiciais minam a democracia e a
imprensa do país, e criam um clima de insegurança legal que, de certa forma, se
reflete na qualidade da cobertura de questões de interesse público",
declarou Konig ao CPJ.
O Brasil também não apoiou a liberdade de imprensa no
cenário global. Em março, as objeções levantadas pelo país e um pequeno número
de outras nações quase frustraram um plano da ONU para melhorar a segurança de
jornalistas e combater a impunidade em todo o mundo. Três meses depois, o Brasil
apoiou uma ofensiva liderada pelo Equador para enfraquecer a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos e sua relatoria especial sobre liberdade de
expressão.
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